terça-feira, 3 de agosto de 2010

Conversas de autocarro

“Nhôs tchiga mas pa trás”, gritou o condutor todo suado… Era já quase meio-dia e o autocarro estava literalmente “entupido” de gente. Os passageiros colados uns aos outros, cheiro de suor, catinga, mãos meladas segurando as barras de ferro no tecto do autocarro… Enfim… Meu caro Jimm’s entendo perfeitamente porque é que uma amiga minha não gosta de viajar de autocarro na Praia.

Eu estava de pé, mas muito atento para encontrar um lugar para me sentar assim que algum passageiro desse sinal de descer na próxima paragem… “Paragi!” Felizmente que o dono deste grito estava perto de mim… Quase que saltando em cima dele ocupo imediatamente o seu lugar. Ufa! Que alívio!

Sento-me ao lado de uma senhora com ar de simpática, e retribui-lhe o sorriso. Vi que ela estava segurando um folheto, e logo desconfiei… “Ofereço-lhe isto e gostaria que o lesse quando tiver uma oportunidade”, disse-me ela. Aceitei de uma forma simpática, antes mesmo de ver qual era o conteúdo… “Sinta Prazer na vida familiar”, este era o título do folheto.

Jimm´s, tu sabes que família para mim é sagrada! Então prometi à simpática senhora de que ia mesmo ler o folheto. Durante todo o percurso fomos conversando sobre a Bíblia e suas mensagens… E, sobretudo das “interpretações” tendenciosas de muito “boa gente”.

Abri o folheto e duas frases em negrito chamaram a minha atenção: “É melhor comer verduras na companhia de quem a gente ama do que comer a melhor carne onde existe ódio”, e “É melhor comer um pedaço de pão seco, tendo paz de espírito, do que ter um banquete numa casa cheia de brigas.”

Sabes Jimm’s, adorei! Meu caro, penso que muita gente deve estar com vontade de curtir um pedaço de pão seco, mas têm receio da sociedade, têm covardia de procurar a paz, a felicidade… Ainda bem que conheço gente que teve a coragem de comer verduras e pão seco… Bife d’caneca, como dizem na minha cidade.

De repente o autocarro parou, muito longe da paragem, e duas pessoas desceram segurando uma moça que se sentiu mal por causa do calor… Coitada, estava quase desmaiando!

Eu estava tão envolvido na conversa com aquela senhora que nem escutei o “Para li!!!”.

Poucos minutos depois me despedia da senhora com “muito gosto em ter conversado consigo, e que Deus nos abençoe!”. Fiquei sem saber o nome dela…

Meu caro Jimm’s, já deves estar a pensar que não li o folheto quando cheguei em casa! Pois, li sim senhor!

E, gostei! Gostei mesmo! Sobretudo da parte que dizia: “… amem a esposa como ao seu próprio corpo.” E, “… tenham profundo respeito pelo marido.”

Acredito que a fórmula para que as famílias sejam realmente felizes começa por aí!

Jimm’s, estás disposto a amar a tua esposa como o teu próprio corpo? Espero que tua esposa tenha profundo respeito por ti, porque mereces!

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei!
Já te tinha dito e repito - tens que fazer da escrita um hábito, dedicar-te mais, desenvolver esse potencial ainda tímido e meio escondido, soltar o que tens em ti.
Gostei da forma com desenvolveste a crónica. Teria gostado ainda mais se tivesses desenvolvido um pouco mais o penúltimo parágrafo sobre a fórmula para a felicidade das famílias... quem sabe, numa próxima ocasião.

Mas olha, continua a escrever e a deliciar teus leitores com essas crónicas cada vez melhores.

Um beijo.
Inês

Ludmilla Évora disse...

É espantoso.
Sempre que leio as suas crónicas tenho sempre a mesma reacção - a minha pele fica em tom de pele de galinha. Não sei porquê, mas já lhe tinha num comentário anterior, que estas leituras me tocam bem lá no fundo.
Continua, firme, ...
Tatiana Évora

Abel disse...

Assim fico sem jeito...