segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Desabafo

Hoje encontrei uma leitora assídua das minhas crónicas… Jimm’s, estou ficando vaidoso! Até já tenho leitora assídua…

Mas, não é sobre a minha vaidade que quero falar. Mas sim sobre o desabafo da minha leitora.

Ela disse-me que gosta de ler as minhas crónicas porque elas a tocam sempre no fundo da alma… E lhe despertam sentimentos de nostalgia, amor… (Jimm’s, eu não sabia que as minhas crónicas tinham esse poder!).

“Eu gostaria que o meu marido lesse as tuas crónicas…” desabafou a minha leitora. Fiquei surpreso! “Ele precisa ler as tuas crónicas antes que seja tarde de mais… antes que ele me perca!”.

Caro Jimm’s, se as minhas crónicas podem salvar um casamento… Não sei o que dizer… Isso me dá vontade de beijar o meu coração!

Talvez porque falo de amor, família, amizade, respeito...? Mas que seria do mundo sem esses valores? Que seria das minhas crónicas?

O desabafo da minha leitora, fez-me lembrar de uma frase que disse, há dias: “a coisa mais fácil do mundo é fazer uma mulher feliz… é só amá-la, respeitá-la, valorizá-la…” Não achas Jimm’s?

Apetece-me terminar esta crónica com uma frase de Nha Balila: “a mi quê cega N’ta txeka, a bô quê pronto bô ka ta odja pamô bô ka krê!”

Non in solo pane vivit homo

Non in solo pane vivit homo (nem só do pão vive o homem)! Esta frase me faz lembrar o meu saudoso professor de latim “Padre Bernardo”… Foi um grande mestre para mim e tantos outros…

Pois, meu caro Jimm’s, tu sabes que eu sou muito saudosista… e como dizem em crioulo da Praia “sodadi ki ta matam”… Muitas vezes a saudade nos obriga a compôr, pintar, escrever… Enfim a despir a nossa alma… Já sei Jimm’s, deves estar a dizer que é por isso que escrevo crónicas! Mas não sei…

Mas, nem só de crónicas vive o cronista… E, a vida me ensinou a escrever outras coisas… Por isso escrevi estes versos:

O meu coração aprendeu a te amar…
Os meus lábios aprenderam a saborear os teus beijos…
A minha pele aprendeu a sentir o teu calor…
Os meus olhos aprenderam a apreciar o teu corpo nu na cama…
A minha voz aprendeu a dizer te amo…
E eu aprendi a ficar viciado em ti, ma Reine de Sabbat!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Conversas de autocarro

“Nhôs tchiga mas pa trás”, gritou o condutor todo suado… Era já quase meio-dia e o autocarro estava literalmente “entupido” de gente. Os passageiros colados uns aos outros, cheiro de suor, catinga, mãos meladas segurando as barras de ferro no tecto do autocarro… Enfim… Meu caro Jimm’s entendo perfeitamente porque é que uma amiga minha não gosta de viajar de autocarro na Praia.

Eu estava de pé, mas muito atento para encontrar um lugar para me sentar assim que algum passageiro desse sinal de descer na próxima paragem… “Paragi!” Felizmente que o dono deste grito estava perto de mim… Quase que saltando em cima dele ocupo imediatamente o seu lugar. Ufa! Que alívio!

Sento-me ao lado de uma senhora com ar de simpática, e retribui-lhe o sorriso. Vi que ela estava segurando um folheto, e logo desconfiei… “Ofereço-lhe isto e gostaria que o lesse quando tiver uma oportunidade”, disse-me ela. Aceitei de uma forma simpática, antes mesmo de ver qual era o conteúdo… “Sinta Prazer na vida familiar”, este era o título do folheto.

Jimm´s, tu sabes que família para mim é sagrada! Então prometi à simpática senhora de que ia mesmo ler o folheto. Durante todo o percurso fomos conversando sobre a Bíblia e suas mensagens… E, sobretudo das “interpretações” tendenciosas de muito “boa gente”.

Abri o folheto e duas frases em negrito chamaram a minha atenção: “É melhor comer verduras na companhia de quem a gente ama do que comer a melhor carne onde existe ódio”, e “É melhor comer um pedaço de pão seco, tendo paz de espírito, do que ter um banquete numa casa cheia de brigas.”

Sabes Jimm’s, adorei! Meu caro, penso que muita gente deve estar com vontade de curtir um pedaço de pão seco, mas têm receio da sociedade, têm covardia de procurar a paz, a felicidade… Ainda bem que conheço gente que teve a coragem de comer verduras e pão seco… Bife d’caneca, como dizem na minha cidade.

De repente o autocarro parou, muito longe da paragem, e duas pessoas desceram segurando uma moça que se sentiu mal por causa do calor… Coitada, estava quase desmaiando!

Eu estava tão envolvido na conversa com aquela senhora que nem escutei o “Para li!!!”.

Poucos minutos depois me despedia da senhora com “muito gosto em ter conversado consigo, e que Deus nos abençoe!”. Fiquei sem saber o nome dela…

Meu caro Jimm’s, já deves estar a pensar que não li o folheto quando cheguei em casa! Pois, li sim senhor!

E, gostei! Gostei mesmo! Sobretudo da parte que dizia: “… amem a esposa como ao seu próprio corpo.” E, “… tenham profundo respeito pelo marido.”

Acredito que a fórmula para que as famílias sejam realmente felizes começa por aí!

Jimm’s, estás disposto a amar a tua esposa como o teu próprio corpo? Espero que tua esposa tenha profundo respeito por ti, porque mereces!